Meu mano ainda hoje senti que me perdi no mundo
Não sei o que faço aqui, bati no fundo
Sofrimento profundo, sentimento estranho
Dar o meu tempo a dar um tempo quando tempo não tenho
Há quanto tempo é que eu venho sem dar paz e a segui-la
Sem dar descanso à vida, a correr atrás a persegui-la
Queria um momento para estar sentado
Ela deve ter tentado falar comigo
Eu é que não fui capaz de ouvi-la
Tenho dois ouvidos, dois braços, dois medos
Dois enredos, dois laços, dois segredos
Duas casas, duas mulheres e dois empregos
Mas vida só tenho uma, e ainda é tão cedo
Queria viver duas vezes, a ver se a outra vem
Queria aprender a viver numa para viver na outra bem
Nascer do ventre de outra mãe, noutro lugar e noutro tempo
Olhar para dentro e ver com quem partilhar o pouco tempo
Que nos é dado como esmola desde o dia que nascemos
A vida é uma escola sem aplicarmos o que aprendemos
Uma corrida que me esfola, no medo de não viver tudo
Vou deixar que ela me fale, tenho medo de morrer surdo
Fala comigo, man
Vamos falar de paixão, tenho de tar próximo para te amar
Sentir a aproximação, subir o próximo patamar
Ou então não, vamos fintar as reacções
Vou ficar melhor sozinho do que a brincar às relações
Tenho uma mulher que me procura, tenho uma mulher que foge
Ando atrás do amanha, mas não me encontro sequer hoje
Carrego nas costas um passado, de muitos menos bons
Quero obediência de elevado para perder tempo com
Quem me quer mas já não quer quem me quis mas já não sabe
Bate à parte, quer entrar, não sei o que diz mas já não cabe
Eu tal tempo me afogava, não queria mas afoga
A minha alma anda cansada hoje tirei dia de folga
Man, preciso de respirar, não sei se a vida é bela
O meu coração não bate bem, vou ouvir a batida dela
Entrei na corrida e ela empurra-me e perdido
Eu grito, falo alto mas ela sussura-me ao ouvido
Eu devia ter ouvido o que ela me tinha para dizer
Não tive tempo, não lhe dei tempo, tempo vinha para correr
Mas não fujas fala agora, a tua verdade aqui a sós
Dá-me uma ultima oportunidade de eu ouvir a tua voz